Presença – Democracia

“Imprimimos frequentemente a palavra Democracia. Mas, não me canso de repetir, trata-se de uma palavra cuja essência ainda dorme, sem quase nunca ter acordado (…).

É uma grande palavra cuja história, suponho, permanece sem registro, porque essa história ainda não foi vivenciada.

Ela é, por assim dizer, a irmã mais nova de outra palavra grande e frequentemente usada, Natureza, cuja história também aguarda registro.”

Walt Whitman (extraído do livro “Presença”, de Peter Senge e amigos)

Educação: o verdadeiro caminho para a mudança.

Caros amigos,

a palavra do momento é, sem dúvida, MUDANÇA. O mundo todo respira agora em uma atmosfera de esperança de que os graves problemas sociais, econômicos e ambientais sejam superados e que o mundo mude para melhor. Porém, minha opinião é que a mudança da situação atual passa necessariamente por uma mudança de atitude, e mais ainda, por uma reconstrução dos solidificados modelos mentais que regem a atual sociedade global e que tal transformação está longe de ser simples. Mudar nossa forma de enxergar o mundo e, sobretudo, entender nosso papel nele, é algo que requer muita força e dedicação, mas é pré-requisito para que possamos criar um novo modelo de vida para uma humanidade mais sustentável.

Obviamente, precisamos também pensar nas gerações futuras. Como podemos construir a formação de nossas crianças de forma que elas aprendam a colaborar mais que competir, a compartilhar mais  que acumular, a preservar mais que consumir e a tolerar mais que agredir. Sem dúvida, esta mudança passa por uma total e completa revisão de nosso tradicional sistema de educação. Ainda ontem tive a oportunidade de ler um post no blog do Marcelão (clique aqui para ler) que abordava o tema educação. Nele há um vídeo muito interessante de uma palestra de Ken Robinson, professor e pesquisador da área de educação, no qual ele apresenta sua teoria de que as escolas estão matando a criatividade e a capacidade de inovação que são inatas em nossas crianças. Segundo ele, os sistemas educacionais de todo o mundo não valorizam o ensino de disciplinas que fomentem a criatividade dos estudantes focando-se, exclusivamente, na transmissão de conhecimentos tradicionais.

Se observarmos os complexos problemas que temos que enfrentar (crise econômica, aquecimento global, conflitos armados, etc), me parece um pouco ilógico que estejamos formando pessoas pouco capazes de criar e inovar. Me parece absurdo que falemos tanto em mudanças e em transformações sociais e, nossas escolas, sobretudo as públicas, ainda ensinem as mesmas coisas e da mesma maneira que faziam em gerações passadas. Não sei descrever minuciosamente como deveria ser a escola ideal, mas gostaria de compartilhar um poema do imortal Carlos Drummond de Andrade que nos dá uma boa idéia de por onde podemos começar:

“Para Sara, Raquel, Lia e para todas as Crianças”
Carlos Drummond de Andrade

Eu queria uma escola que cultivasse
a curiosidade de aprender
que é em vocês natural.

Eu queria uma escola que educasse
seu corpo e seus movimentos:
que possibilitasse seu crescimento
físico e sadio. Normal

Eu queria uma escola que lhes
ensinasse tudo sobre a natureza,
o ar, a matéria, as plantas, os animais,
seu próprio corpo. Deus.

Mas que ensinasse primeiro pela
observação, pela descoberta,
pela experimentação.

E que dessas coisas lhes ensinasse
não só o conhecer, como também
a aceitar, a amar e preservar.

Eu queria uma escola que lhes
ensinasse tudo sobre a nossa história
e a nossa terra de uma maneira
viva e atraente.

Eu queria uma escola que lhes
ensinasse a usarem bem a nossa língua,
a pensarem e a se expressarem
com clareza.
Eu queria uma escola que lhes
ensinassem a pensar, a raciocinar,
a procurar soluções.

Eu queria uma escola que desde cedo
usasse materiais concretos para que vocês pudessem ir formando
corretamente os conceitos matemáticos, os conceitos de números, as operações… pedrinhas… só porcariinhas!… fazendo vocês aprenderem brincando…

Oh! meu Deus!

Deus que livre vocês de uma escola
em que tenham que copiar pontos.

Deus que livre vocês de decorar
sem entender, nomes, datas, fatos…

Deus que livre vocês de aceitarem
conhecimentos “prontos”,
mediocremente embalados
nos livros didáticos descartáveis.

Deus que livre vocês de ficarem
passivos, ouvindo e repetindo,
repetindo, repetindo…

Eu também queria uma escola
que ensinasse a conviver, a
cooperar,
a respeitar, a esperar, a saber viver
em comunidade, em união.

Que vocês aprendessem
a transformar e criar.

Que lhes desse múltiplos meios de
vocês expressarem cada
sentimento,
cada drama, cada emoção.

Ah! E antes que eu me esqueça:
Deus que livre vocês
de um professor incompetente.

Fonte: http://www.bancodeescola.com/andrade.htm

Acredito que as mudanças que almejamos ver no mundo passam, então, por estes dois estágios: primeiro, mudar nossos modelos mentais e, por conseqüência, nossa forma de atuar, e segundo, repensar nosso sistema educacional para que possamos formar cidadãos mais ativos e conscientes de seu papel na construção de uma humanidade mais próspera e sustentável para todos.

grande abraço,

Marcelo Mello

Força para enfrentar os complexos problemas atuais…

“In the face of our common dangers, in this winter of our hardship . . . . With hope and virtue, let us brave once more the icy currents, and endure what storms may come. Let it be said by our children’s children that when we were tested we refused to let this journey end, that we did not turn back nor did we falter; and with eyes fixed on the horizon and God’s grace upon us, we carried forth that great gift of freedom and delivered it safely to future generations.” (Barack Obama, January 20, 2009)

Tradução:
“Diante de nossos perigos comuns, neste inverno de dificuldades . . . . Com esperança e virtude, vamos enfrentar uma vez mais as correntes geladas e suportar quaisquer tempestades que surgirem. Que os filhos de nossos filhos possam dizer que, quando fomos testados, nos recusamos a permitir o fim desta jornada, que não viramos as costas nem fraquejamos; e com os olhos fixos no horizonte e a graça de Deus sobre nós, levamos adiante o grande dom da liberdade e o entregamos em segurança às gerações futuras.” (tradução da Revista Época)

Pés no chão e muito trabalho…

Nesta próxima terça-feira, 20/01/2009, o mundo irá testemunhar um momento histórico, a posse do primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos. Mas este momento não é especial apenas por isso, mas também, e principalmente, ele é tão singular pela carga de esperança que todo o mundo está depositando nos ombros desde jovem advogado de Chicago, que com muito carisma e habilidade convenceu o povo americano que era a hora de mudar.
Ainda acerca de toda a expectativa em torno da atuação de Barack Obama, a Anistia Internacional lançou uma campanha chamada de “100 dias” e cujo ponto central é um vídeo viral na internet (assista abaixo) que mostra Obama solucionando milagrosamente problemas como a crise econômica, o aquecimento global e o estabelecimento da paz mundial durante os 100 primeiros dias de seu governo. Ao final, o vídeo lembra que não se pode esperar milagres do novo presidente, mas cobra a realização de algumas ações que podem ser adotadas durante os 100 primeiros dias na Casa Branca, tais como o fechamento da prisão de Guantanamo, o fim da tortura e das prisões ilegais e o fim da impunidade para aqueles que cometeram crimes de guerra. Qualquer pessoa pode acessar o site www.obama100days.org e assinar uma petição pedindo o empenho do novo presidente na realização dessas ações.

Sem dúvida, trata-se de uma iniciativa fantástica, uma vez que convida a todos nós, cidadãos do mundo inteiro, a participarmos ativamente deste momento de nossa história no qual a humanidade parece ter uma chance de alterar sua forma de agir e o seu destino.

grande abraço,

Marcelo Mello

E que venha 2009

Olá pessoal,

meu último post foi no Natal, data que, a propósito, passei com minha família no Paraná. Desde então muitas coisas aconteceram:

1) As férias terminaram e eu voltei para Brasília;
2) Eu me mudei para um novo apartamento (meu primeiro imóvel);
3) 2008 terminou;
4) 2009 começou (e eu trabalhei já no dia 01/01/2009);
5) eu completei 30 anos (no dia 07/01/1979);
6) eu terminei de ler o ensaio sobre a cegueira e assisti ao filme de Fernando Meireles (mas isto merece um post a parte);

Bem, passadas as festas chegou a hora de retomar as atividades e este ano que se inicia promete ser bastante intenso (assim como foi o que acabou de terminar). Que venha 2009 e todas as surpresas que ele nos reserva!!!

abraço,

Marcelo Mello